Letícia de Almeida Lopes
Vitor Augusto Araújo Rissatti
Vitor Augusto Araújo Rissatti
objetivo do desenvolvimento sustentável 7
Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todas e todos
7.1 Até 2030, assegurar o acesso universal, confiável, moderno e a preços acessíveis a serviços de energia
7.2 Até 2030, aumentar substancialmente a participação de energias renováveis na matriz energética global
7.3 Até 2030, dobrar a taxa global de melhoria da eficiência energética
7.a Até 2030, reforçar a cooperação internacional para facilitar o acesso a pesquisa e tecnologias de energia limpa, incluindo energias renováveis, eficiência energética e tecnologias de combustíveis fósseis avançadas e mais limpas, e promover o investimento em infraestrutura de energia e em tecnologias de energia limpa
7.b Até 2030, expandir a infraestrutura e modernizar a tecnologia para o fornecimento de serviços de energia modernos e sustentáveis para todos nos países em desenvolvimento, particularmente nos países menos desenvolvidos, nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e nos países em desenvolvimento sem litoral, de acordo com seus respectivos programas de apoio
7.1 Até 2030, assegurar o acesso universal, confiável, moderno e a preços acessíveis a serviços de energia
7.2 Até 2030, aumentar substancialmente a participação de energias renováveis na matriz energética global
7.3 Até 2030, dobrar a taxa global de melhoria da eficiência energética
7.a Até 2030, reforçar a cooperação internacional para facilitar o acesso a pesquisa e tecnologias de energia limpa, incluindo energias renováveis, eficiência energética e tecnologias de combustíveis fósseis avançadas e mais limpas, e promover o investimento em infraestrutura de energia e em tecnologias de energia limpa
7.b Até 2030, expandir a infraestrutura e modernizar a tecnologia para o fornecimento de serviços de energia modernos e sustentáveis para todos nos países em desenvolvimento, particularmente nos países menos desenvolvidos, nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e nos países em desenvolvimento sem litoral, de acordo com seus respectivos programas de apoio
A Energia na américa latina
Energia Renovável na América Latina. (Referência: Diálogo Chino)
Na América Latina, a maior parte da oferta energética é de fontes fósseis, o que é bastante coerente com as grandes reservas e quantidades de recursos fósseis, como o petróleo na Venezuela (país com maior reserva do recurso no mundo), no Equador, no México e no Brasil; o carvão mineral abundante na Colômbia, e o gás xisto na Argentina (Vaca Muerta é a segunda maior reserva deste recurso no mundo). Com isso, o setor energético é responsável por quase metade das emissões de gases de efeito estufa da região.
O petróleo e o carvão natural continuam sendo, portanto, elementos muito importantes para o setor energético latino-americano (e mundial). Os esforços para reverter a dependência dos combustíveis fósseis no mundo são grandes, mas também se mostram completamente desiguais entre os continentes no que tange à eletrificação da mobilidade e o uso de combustíveis alternativos para meios de transporte.
Ainda que as energias renováveis tenham aumentado sua participação nas matrizes elétricas dos países da região, se não levarmos em conta a participação da energia hidrelétrica, a participação das fontes renováveis é inferior a 16%. Na geração de energia elétrica, porém, a América Latina é a região com maior porcentagem de participação de fontes renováveis e menor utilização de fontes fósseis. Todavia, para cumprir com o Objetivo 7 da Agenda 2030 das Nações Unidas, a América Latina tem ainda um grande desafio pela frente para continuar a modernização de sua matriz energética e acompanhar os compromissos climáticos globais, apesar do potencial para energias renováveis ser muito mais elevado que de outras regiões do globo.
O petróleo e o carvão natural continuam sendo, portanto, elementos muito importantes para o setor energético latino-americano (e mundial). Os esforços para reverter a dependência dos combustíveis fósseis no mundo são grandes, mas também se mostram completamente desiguais entre os continentes no que tange à eletrificação da mobilidade e o uso de combustíveis alternativos para meios de transporte.
Ainda que as energias renováveis tenham aumentado sua participação nas matrizes elétricas dos países da região, se não levarmos em conta a participação da energia hidrelétrica, a participação das fontes renováveis é inferior a 16%. Na geração de energia elétrica, porém, a América Latina é a região com maior porcentagem de participação de fontes renováveis e menor utilização de fontes fósseis. Todavia, para cumprir com o Objetivo 7 da Agenda 2030 das Nações Unidas, a América Latina tem ainda um grande desafio pela frente para continuar a modernização de sua matriz energética e acompanhar os compromissos climáticos globais, apesar do potencial para energias renováveis ser muito mais elevado que de outras regiões do globo.
*Nota: é importante levar em conta a diferença entre matriz elétrica e matriz energética! Uma abrange somente as fontes usadas para geração de energia elétrica, enquanto a outra comporta todas as fontes de energia, incluindo combustíveis para meios de transporte.
Referência: EnerData Outlook 2019
E as maiores economias da américa latina?
o que têm feito para alcançar este objetivo?
Brasil
No Brasil há o projeto Litro de Luz, que faz parte do movimento global Liter of Light, surgido nas Filipinas em 2011, mas inspirado em uma técnica criada em 2002, pelo mecânico brasileiro Alfredo Moser. Ele instalou no telhado uma garrafa PET abastecida com água e alvejante. Por meio da refração da luz solar, a garrafa gerava iluminação equivalente a uma lâmpada de 60 watts. O objetivo era ajudar as pessoas a economizarem energia. Das Filipinas, o projeto passou a mobilizar voluntários em outros países – já são 25, entre eles o Brasil.
Com o intuito de levar iluminação às comunidades mais isoladas do Brasil através de materiais simples e energia solar, a organização brasileira do movimento desenvolveu um sistema de iluminação de custo baixo, usando garrafa PET, canos de PVC e placas para iluminar os ambientes com energia solar. Os postes de PVC sustentam as lâmpadas e as placas solares — não há ligação com rede elétrica — e a luz solar captada pela pequena placa faz funcionar uma lâmpada de LED instalada dentro da garrafa.O maior dos projetos beneficiou núcleos ribeirinhos do Médio Juruá, onde foram construídas 600 lâmpadas de PET em parceria com a Associação dos Produtores Rurais de Carauari.
Com o intuito de levar iluminação às comunidades mais isoladas do Brasil através de materiais simples e energia solar, a organização brasileira do movimento desenvolveu um sistema de iluminação de custo baixo, usando garrafa PET, canos de PVC e placas para iluminar os ambientes com energia solar. Os postes de PVC sustentam as lâmpadas e as placas solares — não há ligação com rede elétrica — e a luz solar captada pela pequena placa faz funcionar uma lâmpada de LED instalada dentro da garrafa.O maior dos projetos beneficiou núcleos ribeirinhos do Médio Juruá, onde foram construídas 600 lâmpadas de PET em parceria com a Associação dos Produtores Rurais de Carauari.
Em 3 de fevereiro de 2022 o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Decreto Legislativo 271/21, que ratifica o Acordo-Quadro sobre o Estabelecimento da Aliança Solar Internacional (ASI), assinado em Nova Delhi, na Índia, em 2016. Esse organismo internacional atuará no sentido de auxiliar os países membros no enfrentamento coletivo de desafios comuns para a difusão da energia solar em linha com suas necessidades.
O acordo inclui a possibilidade de os países empreenderem ações coordenadas por meio de programas e atividades voluntárias de base. Entre os mecanismos estão o acesso a financiamento, tecnologias, inovação, pesquisa e desenvolvimento, bem como capacitação.
Além disso, um dos maiores grupos de energias renováveis do mundo, o EDP (detentor de ativos de geração, transmissão e distribuição no país, sendo a líder quando se trata de sustentabilidade na Bolsa de Valores de São Paulo), afirmou junto ao Ministério de Minas e Energia (MME) sua pretensão de investir cerca de R$ 10 bilhões até 2025, para produzir energia solar e energia eólica no Brasil. Desse total, R$3 bilhões serão destinados para o setor de energia solar eólica, R$ 6 bilhões serão voltados para a distribuição e o restante para a transmissão. Esse será o maior investimento da EDP em energias renováveis no país.
O acordo inclui a possibilidade de os países empreenderem ações coordenadas por meio de programas e atividades voluntárias de base. Entre os mecanismos estão o acesso a financiamento, tecnologias, inovação, pesquisa e desenvolvimento, bem como capacitação.
Além disso, um dos maiores grupos de energias renováveis do mundo, o EDP (detentor de ativos de geração, transmissão e distribuição no país, sendo a líder quando se trata de sustentabilidade na Bolsa de Valores de São Paulo), afirmou junto ao Ministério de Minas e Energia (MME) sua pretensão de investir cerca de R$ 10 bilhões até 2025, para produzir energia solar e energia eólica no Brasil. Desse total, R$3 bilhões serão destinados para o setor de energia solar eólica, R$ 6 bilhões serão voltados para a distribuição e o restante para a transmissão. Esse será o maior investimento da EDP em energias renováveis no país.
Mapa da Energia Eólica no Brasil
A energia eólica offshore, ou seja, aquela produzida no mar, é a nova aposta para o segmento das energias renováveis no Brasil e vem se expandindo desde sua regulamentação no mês de janeiro. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já possui cerca de 36 solicitações para as licenças ambientais necessárias para a produção dela em diversas partes do território nacional, e o Ministério de Minas e Energia e a Associação Brasileira de Energia Eólica falaram sobre o segmento e sua importância no final de fevereiro, (22/02).
O Brasil já é um país com uma grande parcela de geração de energias renováveis na sua matriz e toda a capacidade instalada de geração de energia do país soma 173 GW, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Além disso, dentro desse total, 20 GW são de parques eólicos em solo, já conhecidos em todo o país. Agora, o que se espera é que a capacidade instalada possa chegar a níveis ainda mais altos, com a produção de energia eólica offshore durante os próximos anos.
O Brasil já é um país com uma grande parcela de geração de energias renováveis na sua matriz e toda a capacidade instalada de geração de energia do país soma 173 GW, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Além disso, dentro desse total, 20 GW são de parques eólicos em solo, já conhecidos em todo o país. Agora, o que se espera é que a capacidade instalada possa chegar a níveis ainda mais altos, com a produção de energia eólica offshore durante os próximos anos.
Matriz Energética Brasileira 2020 (BEN, 2021)
Apesar de no Brasil o consumo de energia de fontes não renováveis ser maior que o de renováveis, o país usa mais fontes renováveis em comparação ao resto do mundo, obtendo um total de 48,3%, quase metade da matriz energética brasileira.
México
Referência: Diálogo Chino
De acordo com o Observatório Mexicano de Transição Energética, a matriz energética mexicana é formada, principalmente, por combustíveis fósseis (que representam 76,4% da geração de eletricidade), seguida pelas energias eólica (7%), hidrelétrica (6,66%), solar (4,4%), nuclear (3,87%), geotérmica (1,55%) e de biomassa (0,07%) (GODOY, 2022).
Além de fortemente atrelado às fontes tradicionais de geração de energia, mais poluentes, a transição energética mexicana está paralisada desde 2019, com a suspensão dos leilões de eletricidade promovidos pelo ex-presidente, Enrique Peña Nieto, que cedia às empresas privadas a permissão para geração de energia elétrica renovável com custos substancialmente menores. O governo do atual presidente Andrés Manuel López Obrador adota uma política completamente diferente. A intenção é que a estatal Comissão Federal de Eletricidade (CFE) concentre a geração, transmissão e distribuição de energia não só de energia, mas também de petróleo e gás em todo o país, tirando o setor privado da conjuntura, o que, por sua vez, resultaria em consequências ambientais devastadoras, posto que é a iniciativa privada quem fomenta a geração de energia renovável no país, e também aumentaria os custos do Estado mexicano com o setor energético.
Se aprovado a contrarreforma de López Obrador, a previsão é que o México não só não consiga alcançar seus compromissos climáticos do Acordo de Paris e demais tratados, como também atingiriam um bilhão de toneladas até 2050, "mais que o dobro das 486 milhões de toneladas projetadas sob as leis existentes, de acordo com um estudo realizado pelo Instituto Alemão de Pesquisa Econômica." (GODOY, 2022), uma vez que não há incentivo às fontes alternativas de geração de energia, mantendo a dependência mexicana dos combustíveis fósseis altamente poluentes como o petróleo e o gás.
Além de fortemente atrelado às fontes tradicionais de geração de energia, mais poluentes, a transição energética mexicana está paralisada desde 2019, com a suspensão dos leilões de eletricidade promovidos pelo ex-presidente, Enrique Peña Nieto, que cedia às empresas privadas a permissão para geração de energia elétrica renovável com custos substancialmente menores. O governo do atual presidente Andrés Manuel López Obrador adota uma política completamente diferente. A intenção é que a estatal Comissão Federal de Eletricidade (CFE) concentre a geração, transmissão e distribuição de energia não só de energia, mas também de petróleo e gás em todo o país, tirando o setor privado da conjuntura, o que, por sua vez, resultaria em consequências ambientais devastadoras, posto que é a iniciativa privada quem fomenta a geração de energia renovável no país, e também aumentaria os custos do Estado mexicano com o setor energético.
Se aprovado a contrarreforma de López Obrador, a previsão é que o México não só não consiga alcançar seus compromissos climáticos do Acordo de Paris e demais tratados, como também atingiriam um bilhão de toneladas até 2050, "mais que o dobro das 486 milhões de toneladas projetadas sob as leis existentes, de acordo com um estudo realizado pelo Instituto Alemão de Pesquisa Econômica." (GODOY, 2022), uma vez que não há incentivo às fontes alternativas de geração de energia, mantendo a dependência mexicana dos combustíveis fósseis altamente poluentes como o petróleo e o gás.
O Relatório Nacional de Monitoramento da Eficiência Energética do México de 2018 revelou que, graças a políticas públicas focalizadas, o consumo de energia no setor residencial diminuiu 45,9%, e se o mesmo esforço for aplicado nos setores industrial, transporte, agropecuário, comercial e de serviços, o país poderá alcançar a meta de duplicar a taxa mundial de melhoria da eficiência energética do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7.
Apesar das principais políticas públicas em matéria de eficiência energética tivessem sido concentradas no setor residencial e reduziram sua intensidade energética de maneira progressiva, as intensidades energéticas setoriais nos últimos 20 anos mostraram que, com exceção do setor agropecuário, todos os setores de consumo final da energia diminuíram seu índice: industrial (15,6%), comercial e serviços (10,9%) e transporte (5,6%). Vale-se destacar que entre os principais fatores que incidiram nesta redução estão a terceirização da economia, as mudanças estruturais, a substituição de combustíveis e as ações de eficiência energética em resposta à elevação dos preços da energia.
O México é um dos países da América Latina com maior tradição e impacto em ações e programas de uso eficiente de energia, portanto, a CEPAL reconhece seus avanços para alcançar os objetivos da Agenda 2030.
Apesar das principais políticas públicas em matéria de eficiência energética tivessem sido concentradas no setor residencial e reduziram sua intensidade energética de maneira progressiva, as intensidades energéticas setoriais nos últimos 20 anos mostraram que, com exceção do setor agropecuário, todos os setores de consumo final da energia diminuíram seu índice: industrial (15,6%), comercial e serviços (10,9%) e transporte (5,6%). Vale-se destacar que entre os principais fatores que incidiram nesta redução estão a terceirização da economia, as mudanças estruturais, a substituição de combustíveis e as ações de eficiência energética em resposta à elevação dos preços da energia.
O México é um dos países da América Latina com maior tradição e impacto em ações e programas de uso eficiente de energia, portanto, a CEPAL reconhece seus avanços para alcançar os objetivos da Agenda 2030.
Argentina
Referência: Empresa de Pesquisa Energética (EPE)
A matriz energética da Argentina é suprida, principalmente, pelo gás natural, que representa 58% da oferta interna de energia. Se a compararmos à matriz brasileira, por exemplo, podemos notar que a matriz energética argentina é substancialmente menos limpa e renovável. A Argentina possui recursos energéticos variados, e sua geração de energia elétrica inclui, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética,
usinas hidrelétricas, eólicas, solares, nucleares, e outras termelétricas a ciclo combinado e simples. O gás natural é o combustível mais utilizado para geração de eletricidade, sendo responsável por 67% do consumo de combustíveis nas centrais elétricas, em 2018, seguido pelas centrais hidrelétricas e nucleares, com 14% e 7%, respectivamente (EPE, 2020 apud ARGENTINA, 2019a).
A dependência de fontes não renováveis de energia e os compromissos climáticos para amenizar os efeitos do aquecimento global e das mudanças climáticas levaram a questão energética ao centro das discussões sobre as mudanças nas matrizes energéticas mundiais. Há interesse, por parte de diferentes setores na Argentina, em formular uma nova estratégia de planejamento energético, envolvendo o governo, a sociedade civil e o setor privado, visto que o protagonismo do gás natural pode ser tanto bem aproveitado quanto perigoso do ponto de vista ambiental e de neutralidade de carbono. Acompanhando essa tendência, a EPE aponta que:
Nos estudos de planejamento até 2030, o governo argentino tem 4 cenários de produção de gás de acordo com 4 cenários de demanda. Em dois cenários de demanda as políticas seriam iguais às existentes (chamados de tendencial e eficiente) e em outros dois cenários haveria políticas de uso incentivado por alguns setores. No cenário intitulado como “gaseificação” haveria maior consumo de gás pela indústria e pelo setor de transportes, enquanto no cenário denominado “eletrificação” o gás seria destinado, principalmente, para a geração elétrica (EPE, 2020, apud ARGENTINA, 2019g).
Atualmente, existe a intenção de expandir a produção de Vaca Muerta, mas alguns fatores se provam grandes empecilhos para que este objetivo seja alcançado. Os principais desafios dizem respeito são: "a redução de custos e de prazos de poços, a diminuição do tratamento no campo, o armazenamento e transporte de produtos com altos teores de propano e butano" (EPE, 2020, apud CIDRE e WEGNER, 2018). Essa expansão em Vaca Muerta depende ainda dos preços internacionais do gás e do óleo, do aumento da participação de agentes de mercado para reduzir os custos de extração e de novos investimentos em infraestrutura nos três modais logísticos de transporte e melhoria na coordenação das políticas ambientais entre as instituições, levando em consideração os compromissos climáticos de redução de emissões de carbono e os demais impactos ambientais.
Para além do gás natural, porém, a Argentina tem expandido sua geração de energia elétrica através de fontes alternativas de energia, entre renováveis e não-renováveis. No momento, o governo argentino tem 215 obras previstas, das quais vale destacar, pela participação em relação ao total de número de obras, as centrais térmicas (superiores a 52%), os parques eólicos (mais de 20%) e as estações fotovoltaicas (superior a 12%).
Referência: Ministerio de Energía de Argentina
Recentemente, o governo argentino se juntou à Nova Rota da Seda, projeto chinês de investimento em infraestrutura no mundo, garantindo aproximadamente US$ 23,7 bilhões em investimentos no país, dos quais US$ 14 milhões já foram aprovados em dez diferentes projetos em infraestrutura. Um dos projetos de financiamento chinês é a construção da quarta usina nuclear do Argentina, Atucha III, da estatal Nucleoelétrica Argentina e da Corporação Nuclear Nacional da China.
Referência: Casa Rosada
Para além disso, dado o grande potencial para implantação de fontes renováveis para geração de energia elétrica, a Argentina aprovou em 2015 a lei 27.191, em que se obriga a ter pelo menos 20% de sua matriz elétrica oriunda de fontes renováveis até 2025, dentro de um programa de planejamento energético chamado RenovAR. A pandemia, todavia, afetou duramente o programa, que já sofria com a falta de financiamento ocasionada pela dura crise econômica enfrentada pela Argentina. Ainda assim, através dele a expansão das fontes eólica e solar se tornou uma realidade no país, crescendo de 1% para 8%, em 2019. Até a meta de 2025, porém, parece pouco provável que os 20% de geração de energia por fontes renováveis sejam alcançados, meta que só deve ser conquistada em meados de 2030, possivelmente a tempo de cumprir, ao menos parcialmente, com o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 7 da Agenda 2030 das Nações Unidas.
E qual a relação com a disciplina de teoria política contemporânea?
Os países da América Latina enfrentam vários desafios nos âmbitos da soberania, da democracia e da cidadania em decorrência das instabilidades políticas, econômicas e sociais que assolam não só a região, mas o mundo como um todo. Para que se fortaleça soberania, democracia e cidadania nesta região do globo, é necessário que se conquiste a soberania e autonomia em prol das populações latino-americanas, principalmente no que tange à utilização dos próprios recursos energéticos, através da estruturação de ferramentas mais democráticas e independentes para promoção do debate, decisão, planejamento e realização de políticas públicas relacionadas à energia e infraestrutura logística e comunicativa para fomentar o desenvolvimento. Diante disso, é essencial que haja uma democratização do conhecimento e acesso à informação referente às questões energéticas nacionais e regionais, para que se combata a concentração de poder existente hoje nas grandes empresas do setor e nos vastos meios de comunicação. O acesso à informação crítica e de qualidade sobre temas atuais relevantes para toda a sociedade ocorre de maneira muito incipiente, demonstrando o quanto a democratização em torno deste conhecimento é um processo limitado. Levando em consideração a importância da geopolítica energética e dos recursos naturais para a América Latina no mundo de hoje, é necessária a fomentação do debate crítico, plural e acessível abrangendo esta temática, uma vez que a energia move a sociedade, e sem ela, não há infraestrutura ou desenvolvimento, não há soberania e cidadania, não há a essência da democracia.
O Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 7 é um dos caminhos para a melhoria da qualidade de vida da população mundial e do combate às mudanças climáticas e do aquecimento global. É uma meta mundial para a implementação de políticas que, desenvolvidas simultaneamente em todas as regiões do planeta, poderão fomentar a justiça energética e o acesso à eletrificação, ainda longe de ser realidade em muitas regiões do mundo, incluindo na América Latina. As fontes renováveis, cujos impactos socioambientais são substancialmente menores que os métodos tradicionais de geração de energia, são a solução para que não só mais pessoas tenham acesso à energia, mas também para a redução das emissões de carbono e do aumento da temperatura global, problemas reais que, hoje, já ameaçam populações ao redor do mundo.
O Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 7 é um dos caminhos para a melhoria da qualidade de vida da população mundial e do combate às mudanças climáticas e do aquecimento global. É uma meta mundial para a implementação de políticas que, desenvolvidas simultaneamente em todas as regiões do planeta, poderão fomentar a justiça energética e o acesso à eletrificação, ainda longe de ser realidade em muitas regiões do mundo, incluindo na América Latina. As fontes renováveis, cujos impactos socioambientais são substancialmente menores que os métodos tradicionais de geração de energia, são a solução para que não só mais pessoas tenham acesso à energia, mas também para a redução das emissões de carbono e do aumento da temperatura global, problemas reais que, hoje, já ameaçam populações ao redor do mundo.
Referências bibliográficas
A CEPAL reconhece os avanços do México em eficiência energética para alcançar os Objetivos da Agenda 2030. CEPAL, 2018. Disponível em: <https://www.cepal.org/pt-br/noticias/cepal-reconhece-os-avancos-mexico-eficiencia-energetica-alcancar-os-objetivos-agenda-2030>. Acesso em: 14 mar. 2022.
A INDÚSTRIA DE GÁS NATURAL NA ARGENTINA: Panorama, perspectivas e oportunidades para o Brasil. Empresa de Pesquisa Energética, jun. 2020. Disponível em: << https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-492/Nota%20Tecnica%20A%20Industria%20Gas%20Natural%20na%20Argentina_Panorama%20perspectivas%20e%20oportunidades%20para%20o%20Brasil_DPG_SPG.pdf >>. Acesso em: 8 mar. 2022.
BRANDÃO, Francisco. Câmara aprova adesão do Brasil a aliança internacional para promover energia solar. Agência Câmara de Notícias: Brasília, 3 fev. 2022. Disponível em: << https://www.camara.leg.br/noticias/847990-camara-aprova-adesao-do-brasil-a-alianca-internacional-para-promover-energia-solar/ >>. Acesso em: 8 mar. 2022.
GODOY, Emilio. Por que o México quer reformar, de novo, seu setor energético. Diálogo Chino, 24 fev. 2022. Disponível em: << dialogochino.net/pt-br/mudanca-climatica-e-energia-pt-br/por-que-o-mexico-quer-reformar-de-novo-seu-setor-energetico/. >>. Acesso em: 8 mar. 2022.
HECHOS Y CIFRAS. ENERGÍA EN AMÉRICA LATINA. Trad. Valentina Rojas Loa. Heinrich-Böll-Stiftung: Berlim, nov. 2019. Disponível em: << https://co.boell.org/es/2020/01/24/energia-en-america-latina-hechos-y-cifras >>. Acesso em: 8 mar. 2022.
MAPEAMENTO DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS DA AMÉRICA LATINA. Diálogo Chino, 2021. Disponível em: <https://dialogochino.net/pt-br/mudanca-climatica-e-energia-pt-br/mapeamento-das-energias-renovaveis-da-america-latina/>. Acesso em: 8 mar. 2022.
MEDEIROS, Valdemar. Grupo EDP, o quarto maior de energias renováveis no mundo, planeja investir R$ 10 bilhões na geração de energia solar e eólica no Brasil até 2025. Click Petróleo e Gás, 22 fev. 2022. << https://clickpetroleoegas.com.br/grupo-edp-o-quarto-maior-de-energias-renovaveis-no-mundo-planeja-investir-r-10-bilhoes-na-geracao-de-energia-solar-e-eolica-no-brasil-ate-2025/ >>. Acesso em: 8 mar. de 2022.
PEREIRA, Tiago. Acordo Argentina-China inclui Rota da Seda, infraestrutura e energia nuclear. Rede Brasil Atual: São Paulo, 7 fev. 2022. Disponível em: << https://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2022/02/argentina-china-rota-da-seda-infraestrutura-energia-nuclear/ >>. Acesso em: 8 mar. 2022.
RODRIGUES, Ruth. Energia Eólica Offshore segue em expansão no Brasil. SOLAR, 2022. Disponível em: <https://solareolicarenovavel.com/energia-eolica-offshore-segue-em-expansao-no-brasil/>. Acesso em: 8 mar. 2022.
TOMAZELO, José Maria. Garrafa PET é usada para levar iluminação a comunidades isoladas do Brasil. Estadão Conteúdo em CNN Brasil: São Paulo, 25 fev. 2022. Disponível em: << https://www.cnnbrasil.com.br/business/garrafa-pet-e-usada-para-levar-iluminacao-a-comunidades-isoladas-do-brasil/ >>. Acesso em: 8 mar. 2022.
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MAPEAMENTO DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS DA AMÉRICA LATINA. Diálogo Chino, 2021. Disponível em: <https://dialogochino.net/pt-br/mudanca-climatica-e-energia-pt-br/mapeamento-das-energias-renovaveis-da-america-latina/>. Acesso em: 8 mar. 2022.
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TOMAZELO, José Maria. Garrafa PET é usada para levar iluminação a comunidades isoladas do Brasil. Estadão Conteúdo em CNN Brasil: São Paulo, 25 fev. 2022. Disponível em: << https://www.cnnbrasil.com.br/business/garrafa-pet-e-usada-para-levar-iluminacao-a-comunidades-isoladas-do-brasil/ >>. Acesso em: 8 mar. 2022.